

A distribuição pluviométrica de abril de 2025 manteve a tendência de concentração de chuvas na região Norte do país, especialmente nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá e Pará, onde os acumulados ultrapassaram 240 mm na maior parte do território. Em contraste, o Nordeste apresentou índices pluviométricos mais reduzidos, com volumes inferiores a 90 mm na maioria dos estados. Sergipe, Alagoas e Pernambuco registraram os menores acumulados do país, com valores abaixo de 30 mm. No Centro-Oeste, os volumes variaram entre 90 e 180 mm, sendo os menores registrados em Goiás e os maiores em Mato Grosso do Sul. No Sudeste, os acumulados ficaram predominantemente entre 120 e 150 mm. Já na região Sul, observou-se variabilidade entre os estados, com volumes entre 120 e 150 mm no Paraná, entre 90 e 120 mm em Santa Catarina e entre 60 e 90 mm no Rio Grande do Sul.
Com relação ao armazenamento de água no solo, grande parte do Norte apresentou índices superiores a 90% da Capacidade de Água Disponível (CAD) em várias áreas, e valores mínimos acima de 75%. Por outro lado, no Nordeste o armazenamento está majoritariamente abaixo de 45%, com áreas da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco apresentando valores abaixo de 15%, configurando um cenário de escassez hídrica. No Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentaram valores entre 60% e 90%, enquanto em Goiás permaneceram majoritariamente entre 45% e 60%. No Sudeste, predominaram valores de 60% a 75%, enquanto no Sul, de 45% a 60%, com exceção de algumas áreas no Rio Grande do Sul, onde registrou-se valores de 30% a 45%.
As temperaturas máximas registradas alcançaram níveis elevados em quase todo o território nacional, com destaque para as regiões Norte e Centro-Oeste, onde os termômetros marcaram acima de 29°C, e a região Nordeste, onde as máximas registradas ficaram acima de 33°C em grande parte da região. Apenas a região Sul e partes do estado de Minas Gerais apresentaram máximas mais amenas, abaixo de 25°C.
Quanto às mínimas, a região Norte registrou as maiores temperaturas, com valores entre 23 a 25°C. A região Nordeste e os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram valores médios mínimos entre 21 e 23°C. A região Sudeste e o estado do Paraná registraram mínimas entre 17 e 19°C. As menores médias mínimas, abaixo de 15° C, foram registradas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA
Soja
Segundo os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/25 de soja atingiu o maior nível de produção já registrado no Brasil, com 167,9 milhões de toneladas colhidas, equivalente a um ganho de 13,6 pontos percentuais (p.p.) em relação ao ciclo anterior. Esse desempenho excepcional deve-se, sobretudo, às condições climáticas favoráveis em Mato Grosso e Goiás, onde a distribuição regular de chuvas e as temperaturas amenas permitiram que as lavouras apresentassem bom desenvolvimento, consolidando um desempenho positivo para as regiões. Nesse contexto, as operações de colheita no país já atingem 92,5% da área total.
No estado do Mato Grosso, segundo os dados do Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária, as operações de colheita no estado foram finalizadas oficialmente no primeiro decêndio do mês. Nesse contexto, o Instituto indica uma elevação de 1,46% sobre sua projeção de produtividade anterior, correspondendo a um acréscimo de 27,4 p.p. na produção em comparação com o ciclo de 2023/24.
Segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), as lavouras semeadas tardiamente entre setembro e outubro sofreram danos devido ao estresse hídrico ocorrido principalmente durante dezembro e janeiro — durante o enchimento de grãos, fase sensível ao estresse hídrico — apesar disso, as perspectivas de produção no estado permanecem positivas. No geral, cerca de 73,7% das lavouras estão classificadas em boas condições, 16,9% em condições regulares e 9,4% em más condições, com maior concentração de áreas afetadas nas regiões Sul-Fronteira, Sul e Centro.
Em Goiás, perdas localizadas de produtividade foram observadas no início de abril, em decorrência da escassez de chuvas durante março, afetando lavouras em fase de enchimento de grãos. No entanto, o rendimento médio estadual foi pouco afetado, mantendo-se estável graças às condições climáticas favoráveis, especialmente na porção Sudoeste do estado.
No Paraná, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/PR), os dados preliminares apontam uma redução de 5,3% na produtividade média, em função da ocorrência de estiagens e de ondas de calor atípicas que comprometeram o desenvolvimento da cultura, com perdas mais acentuadas na região Noroeste (22,8%) e Centro-Oeste (13,2%). Diante deste cenário, produtores já iniciam o preparo do solo para o cultivo da soja na segunda safra.
Em Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri/SC) projeta um incremento de 15,8% na produtividade média estadual, refletindo um aumento de 18,35 p.p. na produção total, apesar dos efeitos das chuvas irregulares no início do ano. Atualmente, a colheita já cobre 73,1% da área plantada, com 88% das lavouras apresentando condições consideradas boas.
No Rio Grande do Sul, a colheita da soja atingiu 80% da área total, impulsionada por condições climáticas de tempo quente e seco, que reduziram o teor de umidade dos grãos e eliminaram a necessidade de secagem artificial nos pontos de armazenamento, agilizando o escoamento da produção. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), houve redução na incidência de grãos avariados, elevando a qualidade do produto colhido. Entretanto, a presença de grãos verdes ainda foi registrada, atribuída à maturação desuniforme provocada pelo estresse hídrico e pelo retorno das chuvas no final do ciclo reprodutivo, o que resultou em maturação escalonada dos legumes e enchimento tardio das estruturas reprodutivas.
No Oeste da Bahia, as condições climáticas favoráveis no início da janela de plantio proporcionaram excelente uniformidade na implantação das lavouras, antecipando significativamente as operações de campo. Contudo, as chuvas registradas em abril geraram gargalos logísticos e aumentaram a umidade dos grãos. Ainda assim, a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) reporta boa qualidade dos grãos e projeta produtividade média de 68 sacas por hectare, representando um incremento de 7,9 p.p. em relação à safra anterior.
Milho 1ª safra
De modo geral, a colheita da primeira safra de milho no país já alcançou aproximadamente 68,2% da área total cultivada. Os resultados da colheita até o momento são satisfatórios, com destaque para os estados do Paraná e Santa Catarina, que estão se consolidando com as maiores produtividades registradas da primeira safra do grão no país, entre 10 toneladas/hectare.
Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/PR), com a conclusão da colheita (Figura 1), a produtividade da primeira safra superou as expectativas, apresentando um incremento de 4,3% em relação ao ciclo anterior. Esse desempenho foi impulsionado pelas condições climáticas mais amenas durante o desenvolvimento da cultura, sobretudo nas regiões Sul e Sudoeste do estado, que juntas representam aproximadamente 82,55% da área plantada.
Em Santa Catarina, segundo a Epagri/SC, apesar da redução da área de cultivo, a produtividade da primeira safra de milho obteve um incremento na produção de 23 p.p., impulsionado pelas condições climáticas ótimas durante o desenvolvimento da cultura. No total, cerca de 95,7% da área destinada à produção já foi colhida, e os resultados positivos indicam que a safra 2024/25 poderá se consolidar como a maior registrada na série histórica.
Em Minas Gerais, a colheita encontra-se em fase final, com 85% da área total já colhida (Figura 1). Atualmente, estão sendo consolidados os índices de qualidade e produtividade do grão, que irão mensurar o rendimento efetivo da safra.
Na Bahia, entretanto, há registro de perdas potenciais, resultantes do ataque de pragas e doenças na região Oeste, bem como da escassez de chuvas nas áreas centrais do estado — fatores que podem comprometer tanto o volume final colhido quanto a qualidade sanitária dos grãos.
Milho 2ª safra
A semeadura da segunda safra de milho foi finalizada nas principais regiões produtoras no mês de abril. De acordo com a Conab, é estimado um aumento de cerca de 8,46% na produção do grão em relação ao ano anterior, apesar da decisão de alguns produtores em diversificar a segunda safra devido aos elevados custos de produção aliados à baixa cotação do cereal.
No Mato Grosso do Sul, segundo a Aprosoja/MS, a área destinada à segunda safra encontra-se 0,7 p.p. acima do registrado no ano anterior, com as lavouras apresentando boas condições, exceto na região sul do estado, onde a maioria das plantações se encontra em condição regular, resultado da irregularidade das chuvas nessa área. Apesar disso, de forma geral, as precipitações, especialmente na segunda metade do mês, foram suficientes para manter uma boa umidade do solo e permitir um desenvolvimento satisfatório das lavouras.
Segundo o Deral/PR, no Paraná, a maior parte das lavouras encontra-se nas fases de floração ou frutificação. A irregularidade das chuvas em algumas áreas do estado provocou danos irreversíveis em algumas lavouras, principalmente naquelas em que o milho se encontrava na fase de enchimento de grãos durante a primeira metade do mês de abril, visto que a falta de água prejudicou a formação de espigas com grãos mais leves. A partir da segunda quinzena do mês, o retorno das chuvas, ainda que abaixo do ideal, permitiu certa recuperação da umidade do solo e redução das temperaturas máximas, favorecendo as lavouras que estão entrando na fase de floração.
Feijão 1ª e 2ª safras
A 1ª safra de feijão já foi finalizada nos principais estados produtores. Em Santa Catarina, de acordo com a Epagri/SC, as boas condições climáticas ao longo do ciclo na maior parte das lavouras favoreceram uma boa produção na 1ª safra, com aumento de 48,8% em relação à safra anterior. Quanto à 2ª safra, ainda em Santa Catarina, as operações de colheita atingiram 1% da área semeada. Os baixos volumes de chuva, que favoreceram o avanço da colheita da 1ª safra, por outro lado, prejudicaram o desenvolvimento vegetativo das lavouras da 2ª safra, com estimativa de queda de 9,9% na produção do grão, sendo que as chuvas registradas em abril não foram suficientes para reverter os danos.
No Paraná, segundo o Deral/PR, a colheita da 2ª safra de feijão já foi realizada em 9% da área total. De forma geral, as lavouras apresentam plantas com porte reduzido devido à estiagem ocorrida em março e no primeiro decêndio de abril, o que já reflete em quedas no rendimento em áreas mais afetadas por irregularidades nas chuvas. Por esse motivo, houve queda de 2% no número de lavouras em boas condições e aumento de 2% em lavouras em más condições.
A colheita da 2ª safra já atingiu 20% da área estimada no Rio Grande do Sul, com 38% das lavouras em estágio de enchimento de grãos e 22% em maturação, segundo a Emater/RS. O breve retorno das chuvas no início de abril reduziu parcialmente os impactos negativos da estiagem ocorrida no mês anterior. No entanto, o aumento da umidade relativa do ar, aliado à queda das temperaturas, favoreceu a ocorrência de doenças fúngicas nesse período. Apesar disso, o clima a partir da segunda metade de abril foi favorável ao desenvolvimento da cultura, mantendo-se o bom potencial produtivo.
Segundo a Conab, em Minas Gerais, a semeadura da 2ª safra atingiu cerca de 80% da área prevista, ocorrendo em um ritmo mais lento devido à irregularidade das chuvas no estado durante o início do mês de abril. A irregularidade nas chuvas não prejudicou, no entanto, o desenvolvimento das lavouras já estabelecidas.
Arroz
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as operações de colheita da safra de arroz 2024/2025 já atingiram aproximadamente 76,1% da área total destinada à produção do grão. De maneira geral, à medida que as atividades de campo avançam, as expectativas para a produção permanecem positivas, com projeção de incremento de 14,7% em relação à safra anterior.
No Rio Grande do Sul, o tempo seco favoreceu o avanço das operações de colheita, que já abrangem 87% da área total cultivada no estado. Em algumas lavouras, segundo dados da Emater/RS, foi observada diminuição da qualidade dos grãos, em função do acúmulo de dias chuvosos no final de março e início de abril, o que dificultou a realização da colheita e comprometeu a qualidade final do produto. Apesar desse cenário, o retorno do tempo seco vem beneficiando a continuidade dos trabalhos em campo, ao reduzir os teores de umidade dos grãos. Contudo, a elevada amplitude térmica registrada no período tem aumentado a suscetibilidade dos grãos à quebra durante a colheita e o beneficiamento.
Em Santa Catarina, a colheita do grão já abrange 94% da área total cultivada, com aproximadamente 98% das lavouras avaliadas em boas condições. De maneira geral, segundo a Epagri/SC, a expectativa é que a safra atual se consolide com produtividade recorde, registrando um aumento de 9,52 pontos percentuais em relação à safra anterior, impulsionado pelas condições climáticas favoráveis e pelo uso de cultivares de alto potencial produtivo.
Em Goiás, a colheita já abrange 80% da área cultivada, enquanto o restante das lavouras encontra-se majoritariamente em fase de enchimento de grãos, apresentando bom desempenho agronômico. No Mato Grosso, apesar do volume elevado de chuvas registrado ao longo do mês, a colheita manteve um ritmo satisfatório, contemplando cerca de 72,4% da área. No Maranhão, as operações foram iniciadas, mas ainda seguem incipientes, com destaque para a região de São Mateus, e a expectativa é de intensificação dos trabalhos ao longo de maio.
Cana-de-açúcar
Na última semana de abril, a Conab divulgou a estimativa oficial de encerramento da safra de cana-de-açúcar 2024/2025. Segundo o órgão, a produção foi estimada em aproximadamente 676,96 milhões de toneladas, representando uma redução de 5,1% em relação à safra anterior.
A queda na produção é atribuída, principalmente, às condições climáticas adversas enfrentadas durante o ciclo da cultura, caracterizadas por baixos índices pluviométricos e altas temperaturas, que afetaram severamente as lavouras — especialmente na Região Centro-Sul, responsável por cerca de 91% da produção nacional. Além disso, as queimadas ocorridas em agosto e setembro de 2024 agravaram ainda mais a situação, prejudicando a qualidade da matéria-prima processada e impactando negativamente o volume de produção. Esses eventos também acendem um alerta para a próxima safra (2025/2026), uma vez que podem ocasionar atrasos no desenvolvimento das plantas, redução da área colhida e aumento da idade média dos canaviais.
Na Região Sudeste, apesar da expansão de 7,5% na área plantada em relação à safra de 2023/2024, o incremento não foi suficiente para compensar as perdas de produtividade, que apresentou retração de 12,8%. Já na Região Centro-Oeste, a produção manteve-se próxima da normalidade, contudo, mesmo com um aumento de 4% na área cultivada, a produtividade registrou queda de 3,7% em comparação ao ciclo anterior.
Com informações do Sistema TEMPOCAMPO (30/4/2025)